O QUE É ANSIEDADE?
Ansiedade é uma característica selecionada durante a evolução das espécies por trazer vantagens à adaptação dos seres ao ambiente e manutenção da vida.
A ansiedade representa um estado afetivo normal, que é bastante útil, pois é responsável pela adaptação em casos desconhecidos e faz com que o indivíduo fique atento a um perigo próximo e tome as medidas adequadas para lidar com a situação.
Assim como a dor, a ansiedade nos diz que algo está errado e leva a um aumento das chances de sobrevivência do indivíduo.
É uma reação emocional natural que pode estar presente em qualquer momento da vida e ser causada por diferentes situações como risco, perigo ou estresse.
Alguns termos populares para os estados ansiosos são: “gastura”, “um negócio esquisito”, “repuxamento dos nervos”, “cabeça ruim” entre outros.
Médico Especialista em Ansiedade
O médico especialista em ansiedade é o psiquiatra.
Dr. Gustavo Ladeira é médico psiquiatra e especialista em ansiedade e atende presencialmente no seu consultório na cidade de Foz do Iguaçu, além de realizar consultas por videochamada para todo o país.
O Dr. Gustavo Ladeira tem ampla experiência com mais de 3000 atendimentos realizados em psiquiatria, docência em graduação e preceptoria de residência médica em psiquiatria.
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MEDO OU ANSIEDADE?
Ansiedade e medo são sinais de alerta e atuam como um aviso de uma ameaça externa ou interna.
A ansiedade indica um perigo próximo e torna a pessoa capaz de tomar medidas para lidar com a ameaça. O medo é um sinal de alerta semelhante, mas deve ser diferenciado da ansiedade.
O medo é uma resposta a uma ameaça conhecida real ou percebida, enquanto a ansiedade é uma antecipação a uma ameaça futura desconhecida, interna, vaga ou conflituosa.
ANSIEDADE NORMAL OU TRANSTORNO DE ANSIEDADE?
Todo mundo sente ansiedade.
A ansiedade representa um estado afetivo normal, que é bastante útil, pois faz com que o indivíduo fique atento a um perigo iminente e tome as medidas adequadas para lidar com a situação.
Assim como a dor, a ansiedade nos diz que algo está errado e leva a um aumento das chances de sobrevivência do indivíduo.
Ela é caracterizada mais comumente como uma sensação desagradável de apreensão, muitas vezes acompanhada por sintomas como dor de cabeça, suor frio, palpitações e coração acelerado, aperto no peito, dor no estômago (sensação de frio ou borboletas na barriga), coceira, zumbido no ouvido, tontura, tremores, náusea, aumento da vontade de comer (apetite aumentado), formigamento, diarreia, vontade urgente de urinar e inquietação, indicada por uma incapacidade de ficar sentado ou em pé por muito tempo.
Além dos efeitos citados acima, a ansiedade também afeta o pensamento, a percepção da realidade e o aprendizado ao diminuir a concentração, reduzir a memória e perturbar a capacidade de se relacionar com outras pessoas.
Em resumo, a ansiedade pode ser vista como normal quando sua intensidade e duração são adequadas para a situação que a provoca.
O conceito de transtorno de ansiedade, por outro lado, descreve manifestações ansiosas (descritas acima) excessivas que persistem além do tempo esperado e que causam sofrimento excessivo ou prejuízo funcional.
O aumento do nível de ansiedade (excitação) provoca aumento correspondente do desempenho do indivíduo. Conforme o aumento da ansiedade a pessoa tende a ter um melhor desempenho chegando a um ponto que essa relação é positiva até chegar a um limite.
Após esse pico (excitação e melhor desempenho), se a ansiedade continuar a aumentar ela faz com que o desempenho da pessoa se torne comprometido.
Pode-se entender que, ao ultrapassar esse pico, a ansiedade torna-se ruim.
QUANDO A ANSIEDADE SE TORNA UM PROBLEMA DE SAÚDE?
Na presença da ativação da ansiedade frente a estímulos não apropriados (como estar em público, locais fechados, etc.), em intensidade inadequada (além da reação normal) ou a manutenção desta ativação após desaparecimento do estímulo que a provocou pode gerar sofrimento e prejuízo funcional.
A ansiedade pode ser tornar uma doença em determinadas condições: quando é excessiva, quando leva a um sofrimento intenso, ou quando causa algum prejuízo significativo nas atividades sócio-ocupacionais ou na saúde física.
Nas crises intensas (crise de pânico, por exemplo), os pacientes podem sentir a chamada despersonalização, que é a sensação de desligamento do corpo. Sente a cabeça ficar leve, o corpo ficar estranho, sensação de perda do controle, estranhar-se a si mesmo não se reconhecendo e fica como se estivesse observando sua vida de fora.
Pode ocorrer também a desrealização que é a sensação de desligamento do ambiente. É como se o ambiente, antes familiar, parecesse estranho, diferente, não familiar. Vê as pessoas e objetos conhecidos como se fossem irreais ou estranhos, como se estivessem em um sonho, em cenas distantes ou nubladas, sem cor ou visualmente distorcidas.
Neste momento, então, passamos a caracterizar os transtornos de ansiedade.
NÚMEROS DA ANSIEDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS
A prevalência (número de casos da doença em um determinado período) dos transtornos mentais variam quanto ao sexo e idade.
Em torno de 970 milhões de pessoas no mundo vivem com algum transtorno mental, sendo a ansiedade (31%) e a depressão (28,9%) as mais frequentes (ver gráfico abaixo).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que em 2020, mais de 300 milhões de pessoas no mundo vivessem com ansiedade (como transtorno de ansiedade generalizada e transtorno de pânico) e esses números podem sem muito maiores devido a pandemia de COVID e casos não registrados.
Os transtornos de ansiedade são a classe mais comum de transtornos mentais (mais de 3 a cada 10 adultos reportam algum transtorno de ansiedade ao longo da vida).
Ocorre com mais frequência em mulheres do que homens (proporção de aproximadamente 2:1).
A ansiedade como transtorno, geralmente tem início na infância, sendo muito mais precoce que a maioria dos outros transtornos mentais e tendem a persistir se não forem tratados.
Este início precoce, além de trazer intenso sofrimento, pode levar a importantes prejuízos funcionais interferindo no desenvolvimento social, educacional e de trabalho.
A ansiedade, é um forte fator de risco para outros transtornos mentais, especialmente o uso abusivo de substâncias psicoativas (drogas e álcool).
Também estão associados ao aumento de risco para complicações clínicas, exercendo maior impacto sobre doenças cardiovasculares aumentando o risco de infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico (derrame cerebral) e suas sequelas funcionais, além de acentuado aumento na mortalidade.
Entre suas possíveis consequências, podem-se citar redução da escolaridade, casamento precoce, instabilidade conjugal, baixo nível de emprego, maior afastamento do trabalho e pior situação financeira.
A estimativa mais recente do prejuízo global da ansiedade revela que transtornos de ansiedade respondem por 10% das causas de incapacidade para todas as doenças mentais, neurológicas e uso de substâncias, atrás apenas do transtorno depressivo maior (depressão).
CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Os transtornos mentais são classificados com base no CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) e no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) que são atualizados periodicamente mudando os nomes e grupos das doenças.
Ao longo do tempo os transtornos relacionados a ansiedade tiveram várias nomenclaturas conforme as mudanças listadas na figura abaixo:
Entre os principais subtipos de transtornos ansiosos e suas principais características, destacam-se:
1. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG):
O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é caracterizada por apreensão ou preocupação excessiva com múltiplas questões do dia a dia e muitos indivíduos com esse transtorno relatam que se sentem ansiosos e nervosos por toda a vida.
A pessoa tem dificuldade de controlar a preocupação e de evitar que pensamentos preocupantes interfiram na atenção às tarefas que precisa realizar, prejudicando a capacidade do indivíduo de fazer as coisas de forma rápida e eficiente, seja em casa, seja no trabalho ou em outras situações.
Os sintomas devem estar presentes na maioria dos dias por pelo menos seis meses.
Os adultos com transtorno de ansiedade generalizada frequentemente se preocupam com circunstâncias diárias da rotina de vida, como possíveis responsabilidades no trabalho, saúde e finanças, a saúde dos membros da família, desgraças com seus filhos ou questões menores como realizar as tarefas domésticas ou se atrasar para compromissos.
As crianças com TAG tendem a se preocupar excessivamente com sua competência ou a qualidade de seu desempenho.
Durante o curso do transtorno, o foco da preocupação pode mudar de uma preocupação para outra.
Pacientes com TAG podem apresentar inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, cansaço, tensão muscular, nervosismo, dificuldade de concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, problemas com o sono, suor, náuseas, diarreia, dor de cabeça e respostas exageradas a estímulos geralmente inofensivos, como barulho por exemplo.
2. TRANSTORNO DE PÂNICO:
Um ataque intenso agudo de ansiedade acompanhado por sentimentos de desgraça iminente é conhecido como transtorno de pânico.
Transtorno de pânico se refere a ataques de pânico inesperados, ou seja, pode vir do nada, mesmo quando a pessoa está relaxando ou acabando de acordar.
Um ataque de pânico é um surto repentino de medo ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durante o qual ocorrem quatro ou mais de uma lista de 13 sintomas físicos e cognitivos listados a seguir:
- Subir a pressão (aumento da pressão arterial).
- Palpitações (“batedeiras”), coração acelerado, taquicardia.
- Sudorese (suar demais).
- Tremores ou abalos.
- Sensações de falta de ar ou sufocamento.
- Sensações de asfixia.
- Dor ou desconforto no peito.
- Náusea ou desconforto abdominal (dor no estômago).
- Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio.
- Calafrios ou ondas de calor.
- Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento).
- Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo).
- Medo de perder o controle ou “enlouquecer”.
- Medo de morrer.
Normalmente, o pico de intensidade do ataque de pânico ocorre em dez minutos, não durando mais do que vinte ou trinta minutos.
A frequência e a gravidade dos ataques de pânico são variáveis, podendo ser diários, semanais ou apenas alguns durante o ano.
A maior parte dos pacientes têm preocupação constante acerca da recorrência e consequência dos ataques ou adotam comportamentos para evitar que eles aconteçam.
O transtorno de pânico é responsável pelo número mais alto de consultas médicas entre os transtornos de ansiedade.
Os indivíduos com transtorno de pânico faltam com frequência do trabalho ou escola, o que pode levar a desemprego ou evasão escolar.
Ataques de pânico e diagnóstico de transtorno de pânico nos últimos 12 meses estão relacionados a uma taxa mais elevada de pensamentos de morte, tentativas de suicídio e ideação suicida.
Outro tipo de ataque de pânico é o ataque de pânico noturno, quese refere a acordar do sono em pânico, o qual difere de entrar em pânico depois de estar completamente acordado.
3. AGORAFOBIA:
O termo foi criado em 1871 e é derivado das palavras gregas agora e phobos, que significam “medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão”.
A característica essencial da agorafobia é o medo ou ansiedade acentuado ou intenso desencadeado pela exposição real ou suposta a diversas situações em que a pessoa acredita ser difícil escapar ou receber ajuda, tais como usar transporte público, ir a cinemas, shoppings, mercados, estar em multidões, estar sozinho fora de casa, etc.
O medo, a ansiedade ou a esquiva, que são persistentes, causam sofrimento ou prejuízo importantes no funcionamento social, profissional ou em outras áreas.
O diagnóstico requer que os sintomas ocorram em pelo menos duas das cinco situações seguintes:
- uso de transporte público, como automóveis, ônibus, trens, navios ou aviões;
- permanecer em espaços abertos, como áreas de estacionamento, mercados ou pontes;
- permanecer em locais fechados, como lojas, teatros ou cinemas;
- permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão; ou
- sair de casa sozinho.
Indivíduos com agorafobia evitam de forma rígida situações nas quais seria difícil escapar ou obter ajuda e, quando não conseguem evitar, somente suportam essas situações com medo e ansiedade intensos.
Eles preferem sempre estar acompanhados por um amigo ou familiar em ruas movimentadas, lojas superlotadas, espaços fechados (por exemplo, túneis, elevadores) e veículos fechados (por exemplo, metrô, ônibus, aviões).
As pessoas com agorafobia podem insistir em ser acompanhados toda vez que saem de casa e os gravemente afetados podem se recusar a sair.
Na tentativa de melhora, muitas pessoas terminam abusando de álcool, outras drogas ou sedativos.
A evolução da agorafobia é tipicamente persistente e crônico. A remissão completa dos sintomas é rara (10%), a menos que a doença seja tratada.
4. FOBIA ESPECÍFICA
O termo fobia refere-se a um medo excessivo de objeto, circunstância ou situação específicos (por exemplo, certos animais, viagens aéreas, alturas, espaços fechados, sangue ou ferimentos) que podem ser denominados estímulos fóbicos.
A fobia específica é um medo intenso e persistente de um objeto ou de uma situação.
Na fobia específica o medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real apresentado pelo objeto ou situação ou é mais intenso do que é considerado necessário.
O medo e ansiedade causam sofrimento intenso ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Muitas pessoas com fobias específicas sofrem durante muitos anos e alteraram suas
vidas com o objetivo de evitar o objeto ou situação que causa o medo o máximo possível (por exemplo, uma pessoa com medo de um determinado animal, que se muda a fim de residir em uma que não tenha o animal temido em particular).
Os “medos específicos” (fobia específica) podem acontecer após um trauma (como ser atacado por um animal ou ficar preso no elevador), por ver outras pessoas passarem por um trauma (como ver alguém se afogar), por associar um ataque de pânico inesperado a uma situação (como ter um ataque de pânico no metrô) ou por transmissão de informações, como uma ampla cobertura da mídia de uma tragédia (por exemplo um acidente aéreo).
As fobias têm sido classificadas tradicionalmente de acordo com o medo específico por meio de prefixos gregos ou latinos, como exemplos:
- Acrofobia é o medo de altura.
- Agorafobia é medo de espaços abertos.
- Ailurofobia é o medo de gatos.
- Hidrofobia – é o medo de água.
- Claustrofobia é o medo de espaços fechados.
- Cinofobia é o medo de cães.
- Escopofobia é o medo de ser observado ou encarado por outras pessoas.
- Misofobia é o medo de sujeira e germes.
- Pirofobia é o medo de fogo.
- Xenofobia é o medo de estranhos.
- Zoofobia é o medo de animais.
- Motefobia ou Lepidopterofobia é o medo de borboletas e mariposas.
- Catsaridafobia é o medo de baratas.
5. TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL:
Popularmente conhecido como fobia social, o transtorno de ansiedade social é quando a pessoa evita situações de convívio social pelo medo de ser avaliado negativamente, vive com medo de ser julgado por todos a sua volta, mesmo em relação aos pequenos acontecimentos do dia a dia.
A vergonha e o medo estão sempre presentes no cotidiano da pessoa que tem essa condição, o que compromete muito sua vida em diversos aspectos.
Quando exposto a situações sociais (reuniões sociais, apresentações orais, encontro com pessoas novas) o indivíduo tem a preocupação de que será julgado como ansioso, tolo, maluco, estúpido, chato, amedrontado, sem graça, sujo ou desagradável.
A pessoa tem medo de agir ou demonstrar sintomas de ansiedade, tais como ficar vermelho, tremer, transpirar, tropeçar nas palavras, que serão avaliados negativamente pelos demais.
O sofrimento antecipado pode ocorrer muito antes das próximas situações (por exemplo, preocupar-se todos os dias durante semanas antes de participar de um evento social, repetir antecipadamente um discurso por vários dias).
As causas são várias e distintas entre eles: alguns têm medo de ofender os outros ou de serem rejeitados como consequência, outros têm medo e evitam urinar em banheiros públicos quando outras pessoas estão presentes (parurese, ou “síndrome da bexiga tímida”).
O transtorno de ansiedade social tende a começar no fim da infância ou início da adolescência e deve durar pelo menos por 6 meses, podendo levar a dificuldade nos estudos e interferência no desempenho profissional e desenvolvimento social.
6. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO:
A característica essencial do transtorno de ansiedade de separação é o medo ou ansiedade excessivos envolvendo a separação de casa ou de figuras de apego.
Em crianças e adolescentes, a ansiedade é direcionada a cuidadores, pais ou outros membros da família. Em adultos, o foco é, normalmente, para parceiros ou filhos.
As manifestações do transtorno de separação podem incluir preocupação com o bem-estar ou a morte das figuras de apego e a necessidade de sempre estarem em contato com elas.
Dor de cabeça, dor abdominal, náuseas, vômitos, tontura, palpitações, sensação de desmaio são frequentes se houver separação ou na possibilidade desta.
Além disso, os indivíduos com o transtorno temem que algo aconteça com eles próprios e os impeça de estar com seus entes queridos.
Dependendo da idade, as pessoas podem ter medo de animais, monstros, escuro, assaltantes, ladrões, sequestradores, acidentes de carro, viagens de avião e de outras situações que lhes dão a percepção de perigo à família ou a eles próprios.
As crianças com transtorno de ansiedade de separação podem exibir retraimento social, apatia, tristeza ou dificuldade de concentração nos estudos ou nos brinquedos.
As pessoas com transtorno de ansiedade de separação com frequência limitam as atividades independentes longe de casa ou das figuras de apego (p. ex., em crianças, evitar a escola, não ir acampar, ter dificuldade para dormir sozinho; em adolescentes, não ir para a universidade, não sair da casa dos pais, não viajar, não trabalhar fora de casa).
As demandas excessivas do indivíduo com frequência se tornam fonte de frustração para os membros da família, levando a ressentimento e conflito familiar.
O transtorno de separação pode causar sofrimento significativo ou prejuízo nas áreas de funcionamento social, acadêmico, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
7. MUTISMO SELETIVO:
O mutismo seletivo é um tipo de transtorno de ansiedade onde as crianças não iniciam a conversa e nem respondem quando os outros falam com elas, mesmo apresentando desenvolvimento normal da linguagem.
Em casa, na presença da família, falam sem problema, mas, com frequência, não o fazem com amigos próximos ou parentes mais afastados.
Na ausência da fala pode ocorrer comunicação não verbal, por meio de grunhidos, sussurros, apontar, escrever ou fazer gestos.
As características associadas ao mutismo seletivo podem incluir timidez excessiva, medo de constrangimento, isolamento e retraimento sociais, apego, traços compulsivos, negativismo, ataques de birra ou comportamento opositor leve.
O mutismo seletivo é um transtorno raro que se manifesta com maior frequência em crianças menores do que em adolescentes e adultos.
Além das dificuldades na escola, mutismo seletivo pode resultar em prejuízo social, uma vez que as crianças podem ficar muito ansiosas para se engajar em interações sociais com outras pessoas.
TRATAMENTO DA ANSIEDADE – COMO TRATAR A ANSIEDADE?
A grande maioria dos pacientes com transtorno de ansiedade começa a se sentir melhor e retoma as suas atividades depois de algumas semanas de tratamento. Por isso, é importante procurar ajuda especializada com o psiquiatra ou psicólogo o quanto antes.
O médico que trata a ansiedade é o psiquiatra e é ele quem pode ajudar da melhor forma você ficar livre dessa situação.
Muitas vezes, pacientes com ansiedade resistem em aceitar o diagnóstico de transtorno mental e por isso a informação sobre seus sintomas e tratamento é um passo fundamental.
Os tratamentos farmacológicos (medicamentos) e psicoterápicos combinados têm maior eficácia e reduzem a taxa de recaídas comparados ao tratamento farmacológico sozinho.
O tratamento da ansiedade depende da gravidade e subtipo do transtorno enfrentado pela pessoa, mas de modo geral, o tratamento conta com dois grandes aliados: os medicamentos e a psicoterapia.
De maneira geral, os transtornos ansiosos leves, tem uma boa resposta com mudanças no estilo de vida e psicoterapia (com psicólogo e psiquiatra). Já os transtornos ansiosos mais graves necessitam, além da psicoterapia e mudanças no estilo de vida, acompanhamento com psiquiatra para indicar uso correto de remédios.
A mudança no estilo de vida também é ponto importante no tratamento da ansiedade. Exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, técnicas de relaxamento e gerenciamento do estresse, também ocupam lugar de destaque no tratamento dos transtornos ansiosos.
O apoio de familiares e amigos é igualmente importante, oferecendo compreensão, amor e um ambiente acolhedor e encorajador.
Existem outros tratamentos para ansiedade como a ECT (eletroconvulsoterapia), a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT). Esses tratamentos podem ser prescritos pelo seu psiquiatra e são realizados em alguns centros especializados, sob acompanhamento próximo de profissionais capacitados.
Os medicamentos antidepressivos e ansiolíticos têm um papel importante para ajudar o paciente a dar o primeiro passo para melhora, uma vez que o cérebro está desorganizado impedindo que o paciente consiga enfrentar o problema sozinho.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o uso de antidepressivos não tem o objetivo de manter o paciente dependente dos medicamentos (não viciam), muito pelo contrário.
Esses medicamentos são muito importantes fazendo que, após um determinado período de tempo, o paciente consiga levar a sua vida sem o seu uso.
Já algumas medicações ansiolíticas devem ser utilizadas com critério, preferencialmente com orientação do médico psiquiatra, pois seu uso durante muito tempo e em altas doses tem potencial de dependência (vício) e alterações de memória (perda de memória) a longo prazo.
Para melhorar a assertividade do tratamento com medicamentos antidepressivos, existe o teste farmacogenético, que utiliza o material genético do paciente para determinar qual o melhor medicamento para tratar o transtorno, podendo aumentar a eficácia do tratamento em até 50%.
Somente o médico psiquiatra pode determinar qual é o melhor tratamento e escolher o remédio mais indicado para ansiedade, sugerindo novas alternativas ou diminuindo os remédios, por exemplo.
Procure um especialista em ansiedade de sua confiança para que todas suas dúvidas sejam resolvidas e seu tratamento feito de forma humana e assertiva.
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