Dr. Gustavo Martins Ladeira

Psiquiatra entendendo a mente

O PSIQUIATRA É MÉDICO?

Sim, para o profissional se tornar psiquiatra, precisa inicialmente se formar em medicina.

Para se formar médico o estudante precisa se dedicar aos estudos por no mínimo 6 anos e o curso é composto por uma grande variedade de disciplinas sobre saúde (incluindo promoção, prevenção e tratamento) e sobre o corpo humano.

Mostrando que o psiquiatra é um médico

A palavra “médico” refere-se a um profissional que completou o curso de medicina. O principal papel do médico é cuidar dos pacientes, fazer diagnósticos e oferecer tratamentos.

Para exercer a profissão, é necessário que ele esteja registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua região.

Dr. Gustavo Ladeira médico psiquiatra

Nossa saúde mental é muito importante e merece ser cuidada. Procurar ajuda de um profissional capacitado quando notar qualquer sinal de que algo está errado é um ato de coragem e amor próprio.

Entender como o médico psiquiatra pode cuidar de você e de sua saúde mental, ajuda a deixar de lado o preconceito envolvido com essa área médica.

Dr. Gustavo Ladeira é médico psiquiatra e atende presencialmente no seu consultório na cidade de Foz do Iguaçu, além de realizar consultas por videochamada para todo o país.

O Dr. Gustavo Ladeira tem ampla experiência com mais de 3000 atendimentos realizados em psiquiatria, docência em graduação e preceptoria de residência médica em psiquiatria.

Buscar um psiquiatra capacitado para tirar todas as suas dúvidas, acolher, entender o que lhe causa sofrimento de forma empática e sem preconceitos, propor um tratamento assertivo e acompanhar de perto sua evolução faz toda a diferença.

Dê prioridade ao que realmente interessa e não tem preço, sua saúde! Não perca mais tempo e agende já sua consulta.

COMO O MÉDICO SE TORNA PSIQUIATRA?

O médico pode atuar em diversas áreas da medicina, tanto clínicas quanto cirúrgicas.

Quando termina a faculdade o profissional pode trabalhar como médico generalista. Dessa forma, ele presta atendimento em diferentes áreas de uma forma mais superficial. Neste caso o médico escolhe não se aperfeiçoar em uma área mais específica da medicina.

Para se tornar especialista, a Residência Médica é considerada a forma de pós graduação mais segura, confiável e eficiente do Brasil.

Residência Médica é o nome dado às formações teóricas e práticas necessárias para trabalhar em determinada área da Medicina. Assim, para ser um psiquiatra, neurologista, pediatra, cardiologista, oftalmologista, dermatologista, ginecologista, entre outros, é necessário passar por essa formação complementar.

Psiquiatra entendendo o cérebro
O psiquiatra estuda o funcionamento do cérebro

Quando a residência médica é cumprida integralmente dentro de determinada especialidade, confere ao médico-residente o título de especialista.

A Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) é quem credencia os programas de Residência Médica no Brasil, e ela é formada pelos Ministérios da Saúde, Educação e Previdência Social, e por entidades médicas, como o Conselho Federal de Medicina (CFM).

No caso da Psiquiatria o médico deve passar pelo processo seletivo que é a prova de Residência Médica em Psiquiatria e, se for aprovado, deverá cursar obrigatoriamente mais 3 anos nessa especialização.

Após terminar a Residência Médica, o médico deve solicitar seu número de Registro de Qualificação Médica (RQE) junto ao Conselho Regional de Medicina e somente após ter este registro pode usar o título de PSIQUIATRA.

Em resumo, para se tornar psiquiatra são necessários 9 anos de estudos, sendo 6 anos de medicina e mais 3 anos de residência médica em psiquiatria.

COMO FAÇO PARA SABER SE O MÉDICO É REALMENTE UM ESPECIALISTA?

Tirando a dúvida se o médico é um especialista em psiquiatria

Para ter um atendimento qualificado e a garantia de que seu tratamento seja realizado por um especialista você pode acessar o site do CFM e através do nome ou número do CRM do médico, verificar se o mesmo possui ou não o título de especialista.

Use o link para fazer esta verificação (tenha em mãos o nome ou número do CRM do médico e o estado brasileiro que médico atua): https://portal.cfm.org.br/busca-medicos

Esta verificação é bastante simples e rápida e garante que você será atendido por um especialista.

QUANDO EU DEVO PROCURAR A AJUDA DE UM PSIQUIATRA?

Quando você tem algum problema de saúde como uma gripe, uma forte dor de cabeça ou quebra um braço o que você faz? Procura um médico, não é mesmo? Buscar ajuda nesses momentos é perfeitamente natural e também pode evitar que o problema fique ainda mais grave.

Buscando ajuda do Psiquiatra

Já que em várias situações você procura ajuda médica, faz todo sentido dar a mesma atenção dispensada à sua saúde física para sua saúde mental, certo?

Porém, diferente de quando você sofre um corte que precisa de pontos e procura imediatamente um pronto socorro, os sintomas (o que sentimos) nos transtornos mentais podem ser mais difíceis de serem percebidos.

Agora que você já consegue entender a importância de contar com o apoio de profissionais da saúde para o tratamento das mais diversas doenças e como identificar um especialista para a manutenção da sua saúde mental, fique atento para importantes sinais de que chegou a hora de marcar sua consulta com um psiquiatra.

O psiquiatra é o médico que ajuda as pessoas a cuidarem da saúde mental; procurar um psiquiatra é um sinal de força e autocuidado, não de loucura como muitos acabam falando.

Deixe o preconceito de lado e dê a devida importância à sua saúde mental.

EM QUAIS SITUAÇÕES O PSIQUIATRA PODE ME AJUDAR?

Muitas pessoas se sentem tristes, ansiosas ou estressadas em algum momento da vida e isso é normal, mas há situações em que é importante procurar a ajuda de um psiquiatra.

Ficar chateado com uma bronca do chefe ou uma nota baixa na escola ou faculdade é perfeitamente normal. No entanto, é importante procurar um psiquiatra se você percebe que as suas reações a esses eventos são desproporcionais e você tem dificuldade para controlar a raiva ou suas emoções.

Melhorando a mente com ajuda do psiquiatra

Aqui estão alguns sinais que podem indicar que é hora de procurar um profissional:

1. Sentimentos Persistentes de Tristeza: Ficar triste quando é chamada sua atenção pelo chefe ou após uma discussão com alguém ou outras situações do dia a dia é perfeitamente normal.

Agora, se você se sente triste ou desanimado por um período longo, sem motivo aparente, pode ser um sinal de depressão e nesse caso já é importante buscar ajuda.

2. Ansiedade Excessiva: Não ver a hora de chegar o dia daquela viagem especial ou sentir um friozinho na barriga antes de um encontro ou uma entrevista de emprego é totalmente aceitável.

Mas, se você se preocupa demais com coisas do dia a dia ou sente ansiedade intensa que interfere em sua vida, é importante conversar com um psiquiatra.

3. Mudanças de Humor Drásticas: Se você tem mudanças de humor muito frequentes ou intensas e você percebe que as suas reações a eventos normais da vida são desproporcionais e você tem dificuldade para controlar a raiva ou suas emoções, isso pode ser um sinal de que algo não está bem.

Ficar frustrado com muita facilidade ou ter nível de tolerância muito baixo aos problemas normais do cotidiano, podem ser indicativos da presença de transtornos de humor, e neste caso o psiquiatra pode te ajudar.

4. Dificuldade em Realizar Atividades Diárias: Se você tem dificuldade em se concentrar, trabalhar ou até mesmo fazer tarefas simples, pode ser uma boa ideia buscar ajuda. Essas alterações podem estar relacionadas a vários problemas, e em grande parte dos casos estão relacionados à sua saúde mental.

5. Problemas nos Relacionamentos: Se você notar que seus relacionamentos estão sendo afetados por crises emocionais, frustrações, dificuldade em se comunicar, procurar um psiquiatra pode ajudar muito.

6. Pensamentos Confusos: Se você está tendo dificuldade em concentrar-se ou entender o que está acontecendo ao seu redor, isso pode ser um sinal de que algo não está certo com sua saúde mental. Não perca tempo e procure logo um especialista para uma avaliação.

Ajustando os pensamentos confusos com ajuda da psiquiatria

7. Alucinações: Se você está vendo, ouvindo ou sentindo coisas que não estão lá, como vozes ou imagens, é importante falar com um psiquiatra.

Esses sintomas são muito relacionados com problemas psiquiátricos e devem ter sua causa investigada e seu tratamento iniciado rapidamente

8. Crenças Estranhas: Acreditar em coisas que não parecem lógicas ou realistas, como pensar que você tem superpoderes ou que está sendo perseguido ou observado o tempo todo pode ser um sinal de problemas de saúde mental.

9. Isolamento Social: Se você começar a se afastar de amigos e familiares, ou sentir que ninguém pode entender o que você está passando e, associado a perda de prazer nas coisas que antes gostava de fazer, são sinais de alerta para depressão e procurar o psiquiatra é fundamental.

10. Pensamentos de se Machucar, Morrer ou Suicídio: Se você está pensando em se machucar ou sente que não quer mais viver, procure ajuda imediatamente. Essa é uma situação grave que requer atenção urgente.

Se você está nesta situação ou conhece alguém com esses pensamentos procure um psiquiatra imediatamente.

11. Uso de Substâncias: Se você usa álcool ou drogas para lidar com problemas emocionais e não consegue controlar ou abandonar o vício é fundamental buscar apoio profissional.

O psiquiatra pode ajudar você se libertar dessa dependência.

Disfunção cerebral devido uso abusivo de álcool e outras drogas

12. Sintomas Físicos Sem Causa Aparente: Às vezes, problemas emocionais se manifestam fisicamente, como dores de cabeça, cansaço ou problemas digestivos. Se você não encontrar uma explicação médica para esses sintomas, um psiquiatra pode ajudar.

Lembre-se: procurar um psiquiatra não é um sinal de fraqueza. É um passo corajoso em direção ao cuidado com sua saúde mental.

Se você se identificar com alguma das situações acima, considere agendar uma consulta.

A saúde mental é tão importante quanto a saúde física.

DIFERENÇAS ENTRA MÉDICO PSIQUIATRA E PSICÓLOGO

Se você já se perguntou qual é a diferença entre um psiquiatra e um psicólogo, saiba que não está sozinho. Essa dúvida é comum e é importante entender as funções de cada um desses profissionais de saúde mental, especialmente se você estiver pensando em procurar ajuda.

Tirando dúvidas entre o psiquiatra e o psicólogo

Apesar de ambos ajudarem as pessoas a lidar com problemas emocionais e comportamentais, suas funções e abordagens são diferentes. Vamos entender melhor cada um deles.

Médico Psiquiatra

  1. Formação: O psiquiatra é um médico que se especializou em saúde mental. Para se tornar um psiquiatra, a pessoa passa por muitos anos de estudo na faculdade de medicina e, depois, faz uma especialização em psiquiatria.
  2. Tratamento: O tratamento feito por um psiquiatra pode incluir tanto a prescrição de medicamentos quanto a realização de terapia, embora muitos psiquiatras trabalhem em conjunto com psicólogos para oferecer as melhores abordagens.
  3. Atribuições: O psiquiatra pode diagnosticar alterações mentais, como depressão, transtorno bipolar, ansiedade, autismo (TEA), TDHA, transtornos de personalidade, esquizofrenia, entre outras. Como médico, o psiquiatra pode prescrever medicamentos para tratar essas condições. Isso é importante, pois algumas doenças mentais podem precisar de remédios para ajudar na recuperação do paciente.

Psicólogo

  1. Formação: O psicólogo é um profissional que estudou psicologia na faculdade. A formação inclui entender como as pessoas pensam, sentem e se comportam.
  2. Atribuições: O psicólogo trabalha com terapia, que é uma conversa estruturada onde ele ajuda o paciente a entender seus sentimentos, resolver conflitos e desenvolver novas habilidades para superar dificuldades. No entanto, ele não pode prescrever medicamentos.
  3. Tratamento: O tratamento realizado pelo psicólogo foca em ajudar os pacientes a entender suas emoções e comportamentos e a desenvolver estratégias para lidar com problemas do dia a dia. As sessões de terapia podem ser individuais, em grupo ou até mesmo com casais ou famílias.

Resumo

Em resumo, o psiquiatra é um médico que pode diagnosticar e prescrever medicamentos para doenças mentais, enquanto o psicólogo foca na terapia e no suporte emocional, ajudando as pessoas a lidarem com suas questões psicológicas de maneira mais prática.

Ambos os profissionais são essenciais para a saúde mental e muitas vezes trabalham juntos para oferecer um tratamento completo e eficaz.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando problemas emocionais, não hesite em procurar ajuda desses profissionais.

AGORA VAMOS FALAR UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA PSIQUIATRA

Agora que você já sabe a importância de cuidar da sua saúde mental, quando procurar um profissional e como identificar um psiquiatra realmente capacitado para ajudar com seu problema, vamos aprender um pouco sobre fatos importantes que mudaram a história dos cuidados com a saúde mental.

LOUCURA ANTES DA PSIQUIATRA

A loucura representa um grande desafio para todos os interessados em estudá-la e acompanha o ser humano desde o início dos tempos.

Pessoa precisando de ajuda da psiquiatria

Há registros escritos no Egito, datados de 200 a.C. (anos antes de Cristo), onde encontram-se os primeiros registros de doenças psiquiátricas.

Casos de perturbações mentais estão registrados por toda a História e são, desde as épocas mais antigas, citados por historiadores, poetas, pintores, escultores e médicos.

Apenas para citar algumas figuras históricas conhecidas, temos os exemplos dos imperadores romanos Calígula e Nero (vários fatos insanos são atribuídos a eles, talvez pela tirania e excentricidade) e o rei francês Carlos VI, chamado de Carlos, o Louco, porque acreditava ser feito de vidro e colocava pequenas hastes de ferro em suas roupas a fim de evitar que ele se partisse em pedaços.

No livro O Alienista, de Machado de Assis, o personagem doutor Simão Bacamarte afirma: “Pensava que a loucura fosse uma ilha, mas é um continente.” E esse continente é envolvido por nuvens que quando são penetradas pelas luzes da ciência, permitem o afastamento das ideias mágicas ou dos preconceitos sobre suas origens e seu significado.

A partir do momento que a ciência passa a ter sua importância o termo “loucura” começa a se enfraquecer, surge o movimento chamado de antipsiquiatria, o qual mudou os ambientes universitários e a opinião do grande público.

Um fato real é que a loucura não se trata de um termo médico, mas um produto cultural criado para explicar algo estranho e trazer o reconhecimento de que a falta de razão existe.

FATOS MARCANTES DA PSIQUIATRIA AO LONGO DO TEMPO

·       ANTIGUIDADE

Os povos antigos acreditavam que as coisas estranhas, na forma como percebemos a realidade, eram produzidas pela imposição da vontade de deuses ou por outros tipos de influência sobrenatural.

O Velho Testamento é cheio de relatos de figuras possuídas pelo demônio e relata como Deus puniu Nabucodonosor, o transformando na figura de um animal (lobo) que rastejava em seu palácio.

Apenas a partir dos gregos a pergunta “que deus ofendi ou que entidade me pune e pelo quê?” será substituída pela busca de algum órgão doente, pela base física e não espiritual da doença.

As crenças no sobrenatural e em pessoas possuídas por demônios como causa das doenças mentais passam a ser questionadas na medicina grega, como no trabalho “Sobre a Doença Sagrada” de Hipócrates, que coloca a epilepsia (convulsões) como doença do cérebro e não um mal no qual o sobrenatural seja o responsável.

Com o considerado pai da medicina Hipócrates, que nasceu na Grécia, por volta de 460 a.C. (antes de Cristo) e morreu em 377 a.C., a medicina começou a ser vista de uma forma mais real e não relacionada ao espiritual.

Hipócrates, o pai da medicina
Hipócrates (460 a.C. a 377 a.C.)

Foi com Hipócrates e seus seguidores, a assim chamada escola hipocrática, que o cérebro foi colocado como o centro das funções mentais e de suas alterações, superando a ideia de Aristóteles que considerava o coração como centro de todas emoções humanas.

Os estudos de Hipócrates falam sobre vários problemas mentais, incluindo aqueles mais graves, como os psicóticos (alucinações, por exemplo). Ele também foi o primeiro a escrever sobre as doenças mentais usando termos médicos como mania, melancolia, paranoia, deterioração, epilepsia e histeria.

Galeno que nasceu em 128 d.C. (depois de Cristo) e morreu em 201 d.C., também médico grego que viveu na Itália, fala sobre o quadro de frenitis quando há psicose (por exemplo ouvir vozes sem ninguém estar falando) na presença de febre e o de mania quando ocorre a psicose e não há febre, distinguindo ainda quadros iniciados recentemente (agudos) de outros já presentes há algum tempo (crônicos).

Profundo estudioso dos textos de Hipócrates, Galeno escreveu com exatidão sobre a melancolia (quadro parecido com a depressão) e mostrou que, embora os pacientes pudessem ser uns diferentes dos outros, todos apresentavam medo e falta de ânimo como sintomas principais.

·       IDADE MÉDIA

A Idade Média ou período medieval vai desde a queda do Império Romano no ano de 476 até a queda de Constantinopla em 1453 e, ao contrário dos gregos, essa fase pode ser resumida na frase de Tertulio: “Credo quia absurdum” (creio porque é absurdo).

Mulheres condenadas por bruxaria na idade média. Talvez pessoas que sofressem doenças mentais.
Mulheres condenadas pela Inquisição na Idade Média

Nesta época a doença e a saúde são representadas como uma feroz batalha entre Deus e sua legião de anjos, arcanjos e santos contra Satanás e seus demônios.

A fraca alma humana estaria sujeita ao resultado dessas batalhas, e a boa saúde mental dependia da vitória das forças do bem. Rezas, rituais e perfurações no osso da cabeça deveriam servir para tentar libertar o corpo dos demônios que possuíam o pobre indivíduo.

Em 1486 a razão sofreu mais um duro golpe com a publicação do Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) que é um manual com critérios para o reconhecimento de bruxas e bruxarias.

Este manual mostra a existência do diabo que age principalmente nos casos de sexualidade muito aumentada. Como as mulheres eram consideradas mais sensuais que os homens, nelas estava a possibilidade de se transformarem em bruxas e terem relações sexuais com o demônio.

Em outra parte do manual os autores ensinam os juízes a reconhecerem as feiticeiras em seus múltiplos disfarces e descreve as maldades resultantes da ação do demônio. Na última parte ensina formas de interrogatório e condenação das bruxas.

Muitas das mulheres consideradas bruxas apresentavam comportamentos alterados que hoje poderiam ser chamados de histéricos ou psicóticos (alterações comportamentais por doenças mentais).

Por causa dessas alterações de comportamento, durante quase 150 anos, milhares de mulheres foram julgadas como bruxas ou possuídas pelo demônio pela Inquisição e condenadas com a pena morte. As que continuavam defendendo sua inocência eram queimadas vivas e as outras enforcadas ou afogadas.

·       RENASCIMENTO:

O Renascimento é um período da história europeia marcado por um conjunto de profundas modificações na forma de enxergar o mundo. Neste período acontece um poderoso movimento social, cultural e intelectual levando a novas ideias não vistas até então.

Obra do renascimento colocando o conhecimento e a fé juntos
Obra Renascentista – A criação de Adão de Michelangelo

No Renascimento o pensamento Humanista tenta abandonar a antiga postura da mente estar dividida na constante batalha entre Deus e o diabo e olha com mais atenção o sofrimento das pessoas com perspectiva filosófica e psicológica.

Isso não significa que milagrosamente o homem renascentista para de temer as bruxas e os demônios e se torna um ser científico e nem que a medicina tenha sofrido grande renovação em relação à Idade Média.

Pelo contrário, algumas das ideias renascentistas sobre a loucura são profundamente sem razão e muitas vezes marcadas pelas questões religiosas.

Capa de livro sobre melancolia. Já fazendo alusão à psiquiatria e ao psiquiatra.
A anatomia da melancolia, de Robert Burton.

Em um dos livros mais importantes desta época chamado A anatomia da melancolia, de 1621, o autor mostra ainda a dificuldade em separar a razão da fé e descreve como causas depressivas (melancolia) a idade avançada, hereditariedade (passada de pais para filhos), doenças em outras partes do corpo agindo no cérebro (sendo um grande avanço para época); mas ainda cita Deus, diabo, mágicos, bruxas e questões astrológicas entre as possíveis causas das doenças mentais.

·       NASCIMENTO DA MEDICINA MODERNA E PRÁTICAS PSIQUIÁTRICAS

No pensamento da Idade Média, os “loucos” eram associados ao demônio e vistos como entes possuídos e passavam seus dias acorrentados e expostos ao frio e sem comida ou, nos casos mais graves, queimados em fogueiras como pessoas sem fé.

Esse tipo de tratamento se estendeu até o século XVIII. Nessa época, ainda não se falava em doença mental e a falta de cuidado com as pessoas que sofriam de transtornos mentais continuava.

As pessoas com comportamento estranho, principalmente quando agitadas e agressivas, eram consideradas loucas.

A sociedade continuava apenas preocupada com sua segurança e continuava com a mesma conduta jogando os considerados loucos em prisões onde ficavam ao lado de outros excluídos à espera da morte.

Com o Iluminismo e o nascimento da medicina moderna as ciências e a razão passam a ter um papel principal na tentativa de explicar as doenças.

William Cullen (1710 – 1790) cria o termo Neurose que perdurou por todo século XIX definindo quadros neuróticos, como histeria, hipocondria e neurastenia, até ser definitivamente imortalizado por Freud no começo do século XX.

Tentando dominar a loucura e defender-se de tudo o que o desconhecido representava, os manicômios (estabelecimentos onde as pessoas com problemas mentais eram deixadas) ao redor do mundo se transformaram em locais de repressão, onde os portadores de doenças mentais ficavam isolados das famílias que não sabiam ou ignoravam o que acontecia com os pacientes.

No final do século XVIII e início do XIX, na França vários cientistas como Pinel, Esquirol, Morel, Magnan Falret, Moreau de Tours, Clérambault e muitos outros passaram a buscar tratamentos mais humanos para os doentes mentais.

As reformas políticas e socias desta época inspiraram Philippe Pinel (1745 – 1826), considerado pai e fundador da psiquiatria moderna, a dar os primeiros passos para mudar a vida dessas pessoas.

Hospital psiquiátrico
Pinel em um manicômio da época

A loucura começou a ser vista como uma questão médica e essas doenças poderiam e deveriam ser tratadas. Surgiram clínicas para internação e tratamento dessas pessoas, e os estudos sobre psiquiatria se tornaram mais intensos.

Com essa nova estrutura chamada de “tratamento moral” coube aos enfermeiros os cuidados com os chamados loucos.

No tratamento moral, acreditava-se que “o controle moral” que era um tratamento baseado em métodos psicológicos, pudesse alcançar a cura dos pacientes por meio da atitude médica firme e exemplar (misto de doçura e autoridade).

O tratamento moral de Pinel não aceitava o uso dos métodos físicos e implanta, a partir de 1793 na França, reformas humanitárias abolindo o uso de correntes e algemas nos pacientes psiquiátricos.

Essa forma de abordagem também deu fim aos tratamentos antigos tais como sangramentos e vômitos provocados, uso de purgantes, preferindo terapias através da aproximação e contato amigável com o paciente, na tentativa de oferecer um tratamento digno e respeitoso.

Apesar de toda a evolução dos estudos sobre a mente, entre 1940 e 1960, algumas terapias beiravam à tortura.

Havia o eletrochoque (sem o controle atual e que provocavam dor e sofrimento), a malarioterapia (contaminação do paciente com o protozoário da malária na tentativa de cura pela febre), a insulinoterapia (coma diabético provocado por meio de injeção de insulina) e o uso de drogas para provocar convulsões nos pacientes.

Ao longo dos anos, vários fatos marcantes moldaram a forma como conhecemos a psiquiatria hoje, entre eles estão as descobertas de várias funções do cérebro e a utilização de remédios para o tratar a saúde mental.

Pode-se notar que estes fatos são recentes o que mostra uma evolução significativa dos tratamentos em saúde mental nos últimos anos:

  • 1938 – os psiquiatras italianos Ugo Cerletti (1877-1963) e Lucio Bini (1908-1964) utilizaram eletricidade para induzir crises convulsivas controladas, fundando a eletroconvulsoterapia (ECT).
  • 1949 – o psiquiatra australiano John Cade (1912-1980) descreveu o lítio como eficaz para fase de mania do transtorno bipolar e até 1970 foi muito discutida sua função como estabilizador do humor.
  • Ao longo das décadas de 1940 e 1950, a ECT também se mostra eficaz no tratamento dos quadros de humor como a depressão e o transtorno bipolar.
  • 1952 – um antipsicótico é utilizado pela primeira vez com sucesso pelos psiquiatras franceses Jean Delay (1907-1987) e Pierre Deniker (1917-1999) para acalmar pacientes com esquizofrenia.
  • 1961 – outro antipsicótico é utilizado com sucesso no tratamento de um caso de síndrome de Tourette (pessoas com tiques motores como piscar os olhos, fazer caretas, entre outros e vocais – geralmente com palavrões ou gritos) ampliando o espectro do uso dos neurolépticos.
  • 1960/1963 – lançados os primeiro benzodiazepínicos.
  • 1980 – uso de antipsicóticos atípicos e também de remédios para convulsão como estabilizadores de humor.
  • 1957 – início de uso dos remédios antidepressivos quando o psiquiatra suíço Roland Kuhn (1912-2005) usou um tricíclico no tratamento de quadros depressivos. No mesmo ano, também surgiu o primeiro relato de um medicamento iMAO como “energizante psíquico”.
Medicamentos prescritos pelo psiquiatra
  • Nos anos seguintes, os antidepressivos tricíclicos passaram a ser utilizados largamente.
  • 1988 – houve uma revolução no tratamento dos pacientes psiquiátricos com o surgimento dos antidepressivos ISRS (Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina) que são usados em diversos transtornos mentais, sendo mais acessíveis e com menos efeitos colaterais.
  • 1990 – surgem antidepressivos que atuam em outros neurotransmissores (noradrenalina, dopamina e melatonina).

Os últimos anos mostram uma grande evolução nas opções de tratamentos com medicamentos mais modernos, proporcionando respostas mais rápidas e menos efeitos colaterais, além disso, hoje temos a opção de psicoterapias mais pontuais para cuidar de quadros específicos.

A PSIQUIATRIA HOJE

No passado os pacientes portadores de doenças mentais eram internados em hospitais psiquiátricos por muitos meses ou mesmo por toda a vida e hoje quase 90% dos casos são atendidos em regime extra-hospitalar, em ambulatórios, consultórios e sistemas como o hospital-dia e os centros de atenção psicossocial (CAPS), que mantém o paciente a maior parte do tempo junto à sua família.

Uma área de avanço da Psiquiatria, especialmente nos últimos 20 anos, é a inclusão de pesquisas sobre o cérebro, que são feitas pela neurociência.

Entender como o cérebro funciona e como a genética e a biologia molecular se desenvolvem vai trazer, nos próximos anos, novas descobertas importantes que ajudam a entender as causas biológicas de problemas mentais e comportamentais.

Associado aos avanços científicos, um tratamento humanizado e focado principalmente na pessoa e não apenas na doença, faz uma grande diferença nos resultados e cura do paciente.

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12. Unsplash. Disponível em: https://unsplash.com/pt-br. Acesso em: 22 jun. 2024.

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